segunda-feira, 25 de junho de 2018

A Busca pela Relíquia

Cena 4 (continuação): A Reunião nas Ruínas

       Logo percebe que o portador da lanterna tem emblemas na roupa que lembram uma ordem religiosa, mas não consegue distinguir qual. Caminham em silêncio por quase quarenta minutos, até que outras luzes são vistas a uma curta distância, e outros homens conversam e aguardam como em uma reunião antes de algo muito importante. Dentre o burburinho, Sólon distingue:
       -- Ele chegou!
       Todos se calam. Aos poucos, Sólon adentra a roda de estranhos enquanto todos o olham seriamente. Consegue contar nove naquele círculo, e o homem que o acompanhou completou o décimo lugar. Ele é o primeiro a se apresentar:
       -- Eu sou Rossalv, clérigo do Mosteiro de Iphióc, e estes são nobres comerciantes de Jakar e redondezas. Nós estamos aqui reunidos porque queremos contar com você para uma missão praticamente impossível: trazer seu irmão Síon da guerra para liderar uma revolta contra a Eklísia!
       Sólon estarreceu! Sua mente não conseguia se concentrar em nada, a não ser no entusiástico sentimento de reencontrar seu irmão depois de tantos anos, e ainda lutar ao seu lado contra o seu maior inimigo!
       -- Estamos nos preparando há quase um ano! -- continuou Walladir, um dos nobres. Temos contato com tropas de todas as cidades daqui, desde Ecick até Serrarín. Temos armas e mantimentos em boa quantidade, e o porto de Jakar para garantir reforços e uma fuga, se necessário.
       -- O povo ainda teme bastante a Eklísia, é verdade -- continuou Rossalv. Contudo, se tivermos um comandante templário para essa rebelião, outras cidades nos apoiarão e o movimento tomará proporções continentais! Síon é experiente, corajoso e filho da terra! Assim que ele cruzar as ruas das cidades, o povo se levantará e estaremos livres do jugo da Eklísia para sempre!
       -- Queremos que você vá busca-lo, Sólon -- completou Walladir. Acreditamos que você pode convencê-lo a lutar na verdadeira guerra que está aqui: a opressão que sofremos por parte da Eklísia diariamente. Além do mais, soubemos que alguém matou três soldados deles recentemente, e está sendo procurado por isso... (risos)
       Sólon se recupera do estarrecimento inicial e fica pensativo: "eles não me pediram para lutar, apenas para buscar o meu irmão pra isso. Eles não têm coragem de enfrentar a situação, e se der tudo errado, alguém terá que morrer por eles. Eles não assumirão o problema se as coisas não saírem como o planejado e, verdadeiramente, só estão fazendo isso para não pagar mais impostos à Eklísia! Então, se isso é uma negociação, vamos à ela!". Sólon finalmente responde:
       -- Então, nobres senhores, eu estou sendo "contratado" para convencer um comandante templário a parar de lutar contra demônios para livrá-los do jugo da Eklísia? Nós todos sabemos que isso não será fácil... nem barato!
       Os nobres recuam um pouco, e fecham a cara. Rossalv quebra o silêncio:
       -- Sabemos que é uma tarefa árdua, Sólon, mas contamos com a sua compreensão pela nobreza da causa e...
       -- Nobreza da causa? -- irrita-se Sólon! Vocês querem alguém que morra por vocês no campo de batalha enquanto vocês assistem de camarote o povo se sacrificando "pela causa"! Assim que tivermos vantagem sobre o exército da Eklísia, um mensageiro deles virá negociar a trégua e, mais uma vez, venderão "a causa" por menos impostos e o melhor preço! Se não conseguirmos, o porto de Jakar já estará pronto para zarpar navios cheios de bens e tesouros, e não será do povo! Quando vocês quiserem falar sério, me avisem! Sólon levanta-se e demonstra que vai embora.
     -- Espere por favor! -- pede Rossalv. Não somos esses crápulas que você está descrevendo. Existe muito mais coisas envolvidas que simplesmente impostos. Sólon para e olha para os nobres. Eles se entreolham e, com um aceno de cabeça, concordam com uma proposta subentendida.
       -- Além de custearmos sua viagem de ida e volta, eu vou lhe enviar um monge de minha confiança até o extremo leste do oriente, onde seu irmão está lutando. Quando vocês o encontrarem, meu enviado entregará uma carta a ele e você saberá realmente o que está acontecendo, e então decidirá se tomará parte na luta ou não. Sei que suas preocupações têm fundamento, mas apenas um comandante templário tem autoridade para decidir quem e o quê deverá ser feito mediante a situação. Até encontra-lo, o que você precisa saber é que nossa luta é bem maior do que ganhos pessoais.
       -- De quanto será essa "ajuda de custo" para a viagem?
       -- 450 peças de ouro. O bastante para você e seu irmão chegarem sãos e salvos aqui, dentro de um mês. O que me diz?
       -- Quanto ao monge? Não vou me responsabilizar por nenhum gasto com ele, sequer pela vida dele!
       -- Ele está ciente disso e é experiente no assunto. Seu nome é Becto, e ele sabe se cuidar. Vocês partirão amanhã às 07h00min. Boa sorte!
       Sólon voltou à pousada com mais dúvidas do que foi! O entusiasmo dessa missão está lhe tirando o sono! "Talvez eu e Síon possamos reconstruir o nome da nossa família!" Um largo e orgulhoso sorriso se estampa em seu rosto, pouco tempo antes de adormecer.
Sólon ouve a proposta dos nobres...

... e concorda em participar da missão!

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